De tempos em tempos surgem palavras novas, ganham força e até se mantém por longos anos incorporando-se ao vocabulário de todos nós. A palavra sustentabilidade foi introduzida nos anos 90 no meio do discurso preservacionista. Chegou com muita força e ainda é muito utilizada na tentativa de explicar muitas coisas. O homem deveria buscar um ambiente sustentável, segundo os especialistas, para equilibrar as ações humanas com o meio ambiente. Como definição muito simples, porém fazer que qualquer ambiente seja 100% (cem por cento) sustentável é algo bem mais complicado. Primeiro precisamos definir qual nível de sustentabilidade desejamos, pois a conceituação dessa palavra é uma tarefa nada fácil.
No caso da construção ainda estamos longe desse equilíbrio. Caso signifique zerar o desperdício e os resíduos que uma obra produz até a sua conclusão e mesmo depois de pronta, estamos engatinhando. Somos iniciantes e temos muito que pesquisar para melhorar o rendimento dos processos construtivos no tocante a sobras. As construções, com métodos antigos como parede de tijolos empilhados um a um estão, acredito, com seus dias contados.
Mas não será a preocupação com o meio ambiente que levará o fim do jeito tradicional de construir. A crescente demanda por novas moradias e o custo da mão-de-obra, que também está se elevando, fará o setor buscar tecnologias mais limpas, com menos desperdícios, e obras mais rápidas. Nosso modo construtivo é antiquado e deve dar lugar a outro, mesmo que utilize os mesmos materiais. A diferença, como já acontece em outros países, será um controle maior sobre materiais e suas fabricações. Madeira com origem de floresta de reflorestamento, concreto e argamassa prontos e muita pré-fabricação.
Os europeus estão indo além, pois de uns tempos para cá elegeram como vilão o cimento. Segundo os ultramarinos, a energia gasta e os resíduos gerados para a sua fabricação, o tornam um elemento sujo, poluidor. Suas casas utilizam muita madeira branca (reflorestamento) ou aço para a estrutura. As paredes são feitas com materiais leves e de fácil montagem, como o gesso acartonado e placas de materiais sintéticos como PVC e fibra de vidro para a parte de dentro. Externamente, a tradição é muito cultivada com o uso dos tradicionais tijolos aparentes e placas de madeira em paredes duplas ou triplas. O resultado são construções mais rápidas e com muito menos resíduos, já que muitos componentes vem para a obra com suas medidas definitivas.
Vejo, como já disse, que a transformação do método construtivo brasileiro seja questão de tempo. Logo veremos novas construções sendo erguidas com técnicas diferentes das que estamos acostumados.
A construção civil é um dos últimos grandes setores que ainda não se modernizou no Brasil. Está em desacordo com o seu tempo, com prazos muito longos, mão-de-obra pouco especializada e um enorme desperdício de materiais. A sua contribuição atual para a agressão ao meio ambiente é enorme tanto na extração de matéria prima como depois, no destino de seus resíduos e materiais refugados. Nesse caso não é preciso muito esforço para conceituar a palavra sustentabilidade no nosso processo construtivo de hoje e entendermos que como está não é nada sustentável. Esperemos que para o futuro tenhamos mais dificuldade em definir esse conceito, melhorando a relação com o meio ambiente e as técnicas construtivas.
