Fazer a coisa certa é o que move, ou deveria mover, todas as nossas ações. Porém o que é certo e o que não é possuem separações não muito claras. As certezas vão se construindo ao longo do tempo, consolidando-se à medida que as circunstâncias e as necessidades ganham forma.
Na construção existem muitas certezas, mas uma delas vem ganhando força a cada ano apoiada em um desafio maior, caracterizado pela luta contra o desperdício. A técnica construtiva adotada no Brasil conta com um atraso tecnológico de várias décadas, onde resto de areia, cacos de tijolos, retalhos de madeira e ferro avolumam-se até o final da obra, isso só por falar nos materiais mais utilizados. Pedaços de telhas, pregos, sobras de cal e cimento caracterizam em outros resíduos que tem no lixão da cidade o seu único destino.
Somado ao atraso histórico do jeito de fazermos nossas construções, vivemos em nossos dias com o excesso de embalagens que compramos junto com os produtos de nosso consumo cotidiano. Nossa sociedade produz uma quantidade enorme de resíduos, criando um grande problema e a certeza de que devemos buscar novas soluções.
Atingimos índices insuportáveis de material descartado. Plásticos, alumínio, resíduos da construção, vidro entre outros, são materiais mesmo que já utilizados, que podem ser reaproveitados. Basta uma sistematização na hora de virar lixo, ou melhor, não transformarem-se em lixo. Pedaços de vidro podem voltar às vidraçarias, restos de demolição de edifícios prestam-se como base para pisos e estradas e até aquelas embalagens tetraplac podem ser re-utilizadas para a produção de telhas conferindo estanqueidade com relação à umidade e um ótimo desempenho térmico. Garrafas pet e pneus são dois outros grandes desafios a nossa sociedade quando de seus descartes, pois as suas não reutilizações geram enormes problemas ambientais. Felizmente algumas ações estão sendo empreendidas para uma reutilização mais efetiva. No caso das garrafas além do seu reaproveitamento para a fabricação de novas embalagens existem meios de transformá-las em fios para tecelagem, abrindo um espaço dentro do mundo da moda. Os pneus, depois de moídos, servem de agregados para a pavimentação de estradas com asfalto.
Na construção a preocupação com o que fazer com os seus resíduos deve ser contínua enquanto não mudamos o nosso modo de edificar. É muito importante dar um destino ambientalmente mais correto aos descartes construtivos, porém é urgente que novas técnicas para construírem mais limpas e eficientes sejam introduzidas em nosso meio. Nesses tempos de consumo elevado e conseqüente geração de resíduos em alta, não fica difícil saber que fazer a coisa certa significa um novo posicionamento perante o destino final do que não serve mais e é rejeitado por nós.