Quando um arquiteto está para iniciar um projeto deve levar em conta alguns parâmetros que irão dar uma direção ao seu ofício. O primeiro deles certamente é o objeto do trabalho, ou seja, para qual tipo de atividade a futura obra será projetada. O projeto deve estar com o foco na função a que se destinará a edificação, quer seja uma residência, um espaço comercial ou outro tipo de atividade.
O segundo está nas convicções do próprio arquiteto. A forma como o profissional concebe um projeto é única e por isso a arquitetura é considerada uma manifestação artística. Suas convicções e o modo como encara seu trabalho, além de sua visão de mundo, estarão impressas de forma indelével na sua produção arquitetônica. A organização e distribuição interna, a preocupação com as questões estéticas e a forma como a obra interage com o terreno a ser implantada, irão demonstrar o modo operante do arquiteto. Cada profissional possui um modo próprio de resolver as relações espaço interno e externo e os seus aspectos psicológicos sobre as pessoas, como cores, efeitos de luz e sombra e texturas de paredes e pisos.
Terceiro, o respeito ao meio ambiente e a busca de um melhor relacionamento entre a construção e os fenômenos naturais e climáticos. Explorar ao máximo a ventilação e iluminação naturais, proteger as áreas da edificação à exposição excessiva do sol da tarde e diminuir os riscos com infiltração são algumas das preocupações que podem conferir uma melhor eficiência energética a uma obra e, consequentemente, um melhor conforto ao usuário.
Quarto, levar em conta os gostos e necessidades do usuário. O arquiteto deve pesquisar os hábitos e o modo de vida dos ocupantes para que a obra e as pessoas possuam sintonia. O profissional tem que trabalhar como um intérprete das aspirações do proprietário. Levar em conta os seus desejos e orientá-los de forma técnica.
Quinto, ouvir o mercado. Construções também são imóveis e, por conseguinte, possuem um valor monetário a ser considerado na hora de seu planejamento. O arquiteto deve estar atento às exigências do mercado para conferir atratividade comercial a uma edificação, mesmo que ela tenha um alto grau de identificação com o seu proprietário-construtor.
Sexto, e aqui o último, a obra de arquitetura não é uma peça isolada no mundo. Ela faz parte de um conjunto, de uma rua e de uma cidade. Portanto, o projetista tem que considerar os seus arredores, o seu entorno. A nova arquitetura que estará nascendo de uma prancheta ou um computador para ganhar o espaço de um terreno baldio, deverá estar conectada ao meio urbano para relacionar-se com as construções vizinhas e respeitar a cultura local.
O profissional da arquitetura deve, em minha opinião, assumir os compromissos acima listados para atingir um nível mínimo de qualidade. A partir desses parâmetros, a boa arquitetura pode aparecer.