Quanto vale uma obra de arte? Quanto custa o trabalho de um artista? São perguntas sempre presentes no mundo e no mercado das artes. Quando vamos a uma galeria de arte, podemos gostar ou não do que vemos. É um direito de cada um. Nosso modo de sentir uma obra não irá afetar positiva ou negativamente o valor de uma determinada peça. Contudo, valores são muito relativos e a medida que tomamos mais contato com o mundo das manifestações artísticas, criamos uma intimidade e um entendimento que nos auxilia em um melhor julgamento.
O contexto histórico e cultural, as manifestações e transformações sociais que precedem à execução de uma obra, criam a atmosfera e as bases em que ela foi gestada. Quando começamos dominar um pouco esses condicionantes, com certeza enxergamos de modo mais crítico uma peça.
Van Gogh apesar de nunca ter vendido um único quadro e não ter o reconhecimento de sua genialidade em vida é hoje o mais conhecido e comemorado pintor expressionista. O pintor holandês que utilizou as técnicas do impressionismo colocava em seus quadros forte emoção. Essa é hoje uma das características que mais valorizam seu trabalho, porém foi pouco entendida em seu tempo. Viveu no período impressionista e, por conseguinte, utilizava a técnica da impressão ou imagens não muito nítidas. Essa linguagem artística refletia as mudanças sócio-culturais contrapondo-se ao movimento artístico anterior ou o realismo pictórico e a sua relação com a hipocrisia social. Sua obra quase fala através das fortes pinceladas, cores e contrastes, caracterizando-o assim como um expressionista.
O cinema alemão dos anos 20 também utilizou com maestria o recurso da luz e sombra ou do contraste. O chamado período expressionista alemão levou muitas pessoas ao cinema. Até os anos 50 usou-se muito o expediente do contraste para criar, em alguns casos, verdadeiras obras primas em cenas de forte apelo estético nos filmes sem cor. O cinema, como nova arte, serviu de suporte às artes visuais para representação do expressionismo e outros períodos da arte.
O cubismo, outro movimento do início do século XX, inova por suas pinturas multifacetadas e por introduzir a 4ª dimensão ou a dimensão tempo. Assim como o cinema, o cubismo introduz, a seu modo, o movimento na arte. Uma nova leitura feita pela arte nesse mundo que se transforma, a velocidade.
Hoje vivemos em uma época de constantes transformações, tanto tecnológicas como comportamentais. Novas leituras buscam interpretar esses novos tempos. O artista Neimar Proença é profissional contemporâneo e que vive em nossa cidade. Inquieto, está sempre na busca por novas técnicas e novas linguagens com arrojo, sensibilidade e apreço pela experimentação. Esculturas e outras formas de artes visuais são um campo fértil para a sua criatividade. Sempre experimentando novos caminhos, Neimar surpreende com uma mostra que realiza na galeria Alkindar Sardo. Desta vez, mergulha no mundo feminino e na era da computação. A informática é o seu pincel e sua lapiseira com imagens de mulheres, esbanjando luminosidade e reafirmando o seu domínio sobre o campo de trabalho. É um novo trabalho com experimentação e baseado em conceitos sólidos.
Conceitos que devem dar valor a tudo, ou melhor, em todos os trabalhos. Como na pergunta inicial desse artigo, o valor de um quadro ou de uma obra de arte pode ser medido? Claro que não. O valor está no interesse pelos significados, tanto do artista como pelo expectador.
