O inverno de 2011 chegou com muita força e, pela mostra, deverá ser um dos mais rigorosos dos últimos tempos. Para compensar as baixas temperaturas, está ocorrendo um aumento significativo no uso dos aquecedores de ambientes e equipamentos de ar condicionado. São essas temperaturas muito baixas no inverno e excessivamente alta no verão que nos fazem perceber o quão inadequadas são as nossas construções para enfrentar o clima da nossa região. As paredes que nos separam do exterior não possuem características suficientemente isolantes para nos proteger do frio e o calor intenso. Fica mais clara essa afirmação quando ao desligar o aquecedor, o ar do ambiente que se quer aquecer, volta a ficar gelado quase imediatamente. Caso existam barreiras mais isolantes, o ar aquecido artificialmente se mantem por mais tempo.
Países com uma tradição de inverno mais arraigada constroem suas edificações com paredes duplas ou triplas. A Inglaterra, através de suas normas, obriga a construção de paredes externas com uma camada de isolante. Todas as novas construções devem ter paredes triplas e janelas e portas com vidros duplos. Essa determinação tem como objetivo evitar que o gelado clima inglês penetre com facilidade no interior das casas e provoque um aumento no consumo de energia. As paredes externas, assim como os telhados das construções britânicas devem obrigatoriamente estar isoladas com um material térmico. Há dois anos meu escritório teve a oportunidade de participar da elaboração de um projeto para uma residência em Londres e pude constatar o pensamento arquitetônico e o modo construtivo inglês. Essa experiência única fez mudar a rotina da nossa oficina de trabalho em Toledo, pois o desafio era resolver as necessidades de morar para uma família inglesa e em seu país. Nosso esforço não foi só o de nos ajustarmos ao máximo as exigências culturais próprias tão apreciadas por eles, como também priorizar um projeto que economizasse energia. Uma casa ecologicamente correta era o passaporte para a aprovação sem maiores problemas por parte dos órgãos públicos londrinos.
A construção adequada ao clima resulta em conforto ao usuário e consequentemente um uso mais racional dos recursos naturais. Com a necessidade menor de energia para manter a temperatura ambiental interna, menos gás, lenha ou energia elétrica será necessário para manter o sistema funcionando.
Aprovamos o projeto e a casa está concluída com paredes isoladas, aberturas duplas e voltadas para a posição onde possa captar mais horas de sol durante o dia. Situada na localidade de Marlow, Londres, a casa não fugiu às tradições locais, porém, mesmo com um tempero brasileiro, ganhou a rápida aprovação na prefeitura londrina devido ao seu carácter de conservação de energia e conforto interno.