A arquitetura sustentável surgiu como uma derivação de ambiente sustentável. A construção ou os novos edifícios também podem contribuir para um meio ambiente mais equilibrado. Esse movimento visa uma maior harmonia entre o processo construtivo e os recursos naturais utilizados em uma obra. É um enfoque que busca uma melhor relação com fatores naturais e o projeto, almejando melhor eficiência energética na construção, entre outros. A eficiência energética tem muito a ver com o projeto, pois o arquiteto deve pensá-lo de modo a aproveitar o máximo possível o regime de ventos, a posição das aberturas e seus ambientes em relação ao sol, e logicamente ao seu movimento aparente.
Uma construção bem orientada em relação ao sol e aos ventos possuirá um micro clima que permite ser mais fresca durante o verão e não gelada quando a estação for o inverno. Porém tão importante quanto um projeto que tenha atenção as condicionantes climáticas do local, são os materiais que farão parte da edificação, pois devem possuir características que permitam o que se chama de inércia térmica, ou seja, a manutenção da temperatura interna. Materiais com bom isolamento térmico e, por isso com boa inércia térmica, não permitem que com a mudança do tempo externo, rapidamente aconteça uma alteração no ambiente interno, como uma queda brusca de temperatura tão comum na região sul do Brasil. E nesse aspecto ficamos devendo muito, pois nossa arquitetura não pode ser classificada como ecologicamente adequada ou correta. Os materiais e a técnica que utilizamos não protegem adequadamente às mudanças de temperatura e os seus rigores. Tanto as finas paredes como as qualidades térmicas das alvenarias de tijolos são insuficientes para barrar o frio e o calor intenso que assolam nossa região. Nesse quesito ainda estamos na pré-história da construção.
As aberturas das edificações constituem-se em outro item de grande importância no papel de barrar o clima lá fora. Porém o que vemos são pontos da construção onde a função de vedação é muito incipiente, tornando esta a parte mais vulnerável do edifício. Nossas construções até bem pouco utilizavam, em grande escala, janelas e portas de ferro e vidro com frestas generosas a permitir a passagem do vento.
Com o aumento do poder aquisitivo, aumentou a preocupação por parte de nossa população com o próprio conforto, vemos que muitas habitações possuem sistemas artificiais de condicionamento de ar. A temperatura produzida por equipamentos, combinada com uma boa inércia térmica pode levar ao conforto com economia de energia, porém como as construções, na sua quase totalidade, continuam com deficiência no isolamento das paredes e fechamentos externos, o desperdício de energia é enorme.
Um bom projeto no papel pode ficar comprometido no aspecto climático, se os materiais e a forma como serão empregado forem relegados a um segundo plano. Paredes, tetos e coberturas devem estar em condições de isolamento em relação ao ambiente externo para garantir uma maior permanência do clima gerado no interior da edificação.
Atualmente percebe-se por aqui um início mesmo que timidamente, de preocupação com uma melhor eficiência térmica nas construções tanto por parte dos arquitetos como dos usuários. Preocupação a muito sentida no país vizinho, de condições climáticas semelhantes ao nosso. Basta fazermos uma visita até a região norte da Argentina para perceberemos construções muito mais adequadas e confortáveis contra os rigores do clima.