A LUZ NA ARQUITETURA

Pela manhã o sol entra pelas janelas alcançando pelo menos metade de um quarto voltado para o nascente (leste). A luminosidade começa a ganhar força devagar depois de rasgar o véu noturno. Fiat Lux em um novo dia como se todos os dias Deus operasse o milagre da criação da luz. Vemos as sombras se moverem com a modificação da luz ao longo da manhã. Suave e tênue de início e mais vigorosa com o passar das horas.

A luz tem o poder de dar movimento na arquitetura. Externamente, se o edifício possui reentrâncias pode proporcionar um interessante jogo de luz e sombras. Com o movimento solar, as sombras alteram o efeito sobre o prédio, às vezes temos até a sensação que suas formas ficam alteradas. Internamente sentimos com mais força os efeitos da luz. Um ambiente com muita iluminação natural tem suas dimensões ampliadas e suas cores e objetos destacados. Literalmente traz vida para dentro e atinge diretamente no estado de ânimo das pessoas. A intensidade dela estimulará nossos sentidos tanto em excesso como em quase penumbra. A meia luz em ambientes internos proporciona no usuário uma maior introspecção e pode ajudar nos momentos em que precisamos refletir sobre assuntos importantes. Espaços pouco iluminados, nos transmitem uma idéia menor de suas dimensões, porém aguçam outros sentidos humanos como a audição e o olfato, por isso torna-se um espaço mais intimista. A intensidade da luz também influência em outras características do corpo humano como a sua temperatura. A sensação de calor é maior quando em ambientes bem iluminados, pois associamos a luminosidade ao calor. Espaços claros dão mais estímulos às pessoas aumentando a disposição como exercícios físicos em um ginásio de esportes. O oposto, ou seja a penumbra, aumenta o sentimento de frio mas pode também causar aconchego como nos dormitórios.

No ambiente externo um poste com iluminação baixa pode criar ao ar livre um ambiente inexistente durante o dia. Muitos jardins ficam mais interessantes quando através de uma iluminação noturna é feito um destaque a um maciço de vegetação, ou alterando a cor da luz para destacar um conjunto de árvores.

A luz é tão importante para nós que influencia em positiva ou negativamente no humor geral dos povos. È sabido que o Brasil, um país ensolarado e luminoso, tem um povo de características alegre. Países localizados muito próximos aos pólos, como no norte da Europa e Canadá, entre outros, possuem uma população com aspecto mais reservado. Nesses países o índice de suicídios se constituem nos mais elevados do planeta, muito associado as poucas horas de sol e, claro, de luz durante os dias.

A arquitetura pode usar a luz como aliada na tarefa de moldar os ambientes conforme a intenção de projeto. Os elementos arquitetônicos podem franquear, filtrar ou simplesmente impedir a entrada da luz em seu interior jogando com os sentimentos humanos. Dependendo da sua intensidade, cor e foco, a luz cria mais de um tipo de ambiente no mesmo espaço, como o farol de um automóvel cria a estrada a sua frente durante a noite.

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AUTOR

Ricardo Sardo

Ao longo da minha carreira, aprendi que a arquitetura é muito mais do que linhas e formas; ela é sobre conectar pessoas a espaços e criar ambientes que ressoem com suas almas.

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